Aza é uma garota de 16 anos que, influenciada por sua melhor amiga Daisy, acaba aceitado procurar Davis Picket, um bilionário desaparecido, que estava sendo investigado pelo que chamaríamos de Improbidade Administrativa aqui no Brasil, ou seja, crimes contra a administração pública, o famoso “corrupto”.
Ao aceitar sair em investigação
com a amiga, Aza acaba se reencontrando com Davis Picket (Junior) o filho do
bilionário, que ficou morando na mansão de seu pai com seu irmão, um segurança, uma cuidadora e um biólogo.
O que chama atenção na história é
que Aza possui TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Wiki: O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) [...] é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos e compulsivos, no qual o indivíduo tem comportamentos considerados estranhos pela sociedade ou por si próprio; normalmente trata-se de ideias exageradas e irracionais de saúde, higiene, organização, simetria, perfeição ou manias e "rituais" que são incontroláveis ou dificilmente controláveis.
Por ser narrado em primeira
pessoa, mal percebemos o quando o transtorno de Aza é grave, e que, se não for
tratado seriamente, pode perturbar a pessoa ao ponto de atitudes muito
extremas. Um exemplo disso, e que acontece durante o livro todo é o fato dela estar sempre cortando o dedo, limpando e tampando com um band-aid,
com medo de infeccionar, mas nunca deixa cicatrizar.
“Esta sangrando porque ainda não cicatrizou. Talvez esteja infeccionado. Não esta. Tem certeza? Você limpou o machucado hoje de manhã? Devo ter limpado. Eu sempre limpo. Tem certeza? Ah, pelo amor de Deus” (Aza questionando ela mesma).
Após se reencontrar com Davis,
Aza acaba descobrindo sentimentos por ele, e ele por ela, mas é muito difícil
para ela se relacionar com Davis, por causa de sua condição, ela sente um
ataque de pânico sempre que tenta beijá-lo, pois seus pensamentos estão nas
milhões de bactérias que são transferidas com um beijo na boca.
Para ter certeza sobre o sentimento de Aza, e garantir que ela não esta com ele apenas pela recompensa de encontrar seu pai, Davis entrega o dinheiro equivalente a quantia que a policia está oferecendo pelo seu pai a Aza e Daisy, cem mil dólares. Que é uma quantia fácil de ser encontrada em pequenos esconderijos na mansão.
Algo intrigante (e revoltante) na
história, é que Davis (pai), deixou bem claro que quando morresse, toda a sua fortuna iria para uma Tuatara, um
bicho que parece um lagarto, descendente de dinossauros, que pode viver mais de
150 anos. Davis tinha uma Tuatara em sua mansão bilionária e investia em estudos, nesse
espécime estranho.
Como Davis (filho) havia perdido
sua mãe, ele e seu irmão tinham apenas seu pai e se ele permanecesse
desaparecido, sua fortuna ficaria para um cuidador de seus filhos, e se
morresse, a fortuna ficaria para o Tuatara.
Apesar de termos uma personagem principal vitima de um transtorno grave, a história foi bem distribuída entre seu transtorno, a perda de seu pai, seus problemas com sua melhor amiga, seu relacionamento com sua mãe e com Davis.
O que será que vai acontecer com Aza e Davis?
MINHA OPINIÃO
Eu tinha me esquecido como é
fácil ler um livro do John Green, o único livro que me falta ler dele hoje é O
Teorema Katherine, que sempre enrolo para comprar, mas acho que vou começar a
ler ele.
Nesta obra, Green nos mostra como é difícil
ser portador de TOC, e com uma pesquisa rápida no Google descobri que ele mesmo
tem TOC, então acredito que escrever este livro deve ter sido como mostrar o
mundo dele para seus leitores, achei isso super interessante.
Antes de ler o livro, li uma
resenha meio negativa em um blog, e o resenhista disse no stories do instagram
“Este livro não tem pra que veio” rsrs mas como cada um tem uma opinião
diferente, ao contrário dele, eu gostei muito do livro.
Acabei me identificando um pouco
com Aza em alguns momentos, me lembrei de um episódio, quando eu tinha 11 anos,
eu era bem encucada com as coisas limpas, uma vez estava comendo
chiclete (aqueles em forma de bolinha) com meus amigos e um caiu no chão, eu vi
ele rolando na calçada e coloquei o pé, só pra segurar mesmo, pois para mim
aquilo já era lixo, então minha amiga disse: “Af ainda chuta”, então meu amigo
pegou o chiclete e colocou na boca. Fiquei tipo: “Que nojo”. Mas isso nem se
compara ao que Aza sente ou o que uma pessoa que tem TOC sente, com certeza é
muito mais perturbador.
Me surpreendi com uma atitude da
Aza no meio do livro, os pensamentos dela são tão subversivos que ela acaba
tendo uma atitude tão extrema que parece até mentira.
Os personagens secundários também
chamam muito nossa atenção, principalmente Daisy que escreve fanfics de um
romance entre Ray e Chewbacca de Star Wars, e é muito apaixonada pela franquia.
Algo que também gostei é que não
somos apresentados aqueles personagens que se importam com a escola, e quem é
popular na escola e etc. Essa questão de ter a patricinha pé no saco e o cara
popular às vezes é bem chato, e gostei de não ter isso neste livro, o autor
conseguiu deixar o foco onde deveria.
Gostei bastante do livro e indico
ele para quem gosta de leituras fluidas, ou tem curiosidade para saber como uma
pessoa doente pensa, o que ela sente e quais são suas atitudes.
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 256
Ano de publicação: 2017
Para Comprar: (R$ 27,90 + Saraiva)
CLASSIFICAÇÃO:
SINOPSE: Depois de seis anos, milhões de livros vendidos, dois filmes de sucesso e uma legião de fãs apaixonados ao redor do mundo, John Green, autor do inesquecível A culpa é das estrelas, lança o mais pessoal de todos os seus romances: Tartarugas até lá embaixo. A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo. (+SKOOB)