Título: A redescoberta do mundo
Autor (a): Thrity Umrigar
Editora: Nova Fronteira
Autor (a): Thrity Umrigar
Editora: Nova Fronteira
Número de páginas:
265
Ano de publicação:
2012
“If you need a
friend
I am sailing
right behind.
Like a bridge
over troubled water,
I will ease your
mind”
Quatro
amigas – Armaiti, Kavita, Nishta e Laleh – que eram inseparáveis nos tempos da
universidade, numa Índia da década de 70. Amigas que lutavam contra autoridades, que lideravam passeatas; sempre acreditando, juntas, que
tinham o poder de mudar o mundo; mas que acabam se separando e perdem o
contato. Até que algum tempo depois, Armaiti – que havia partido ainda jovem
para os Estados Unidos – liga para Kavita e Laleh dizendo que deseja um último
encontro pois tem poucos meses de vida devido a um câncer. Kavita e
Laleh, então, tendo que lidar com a dor e o peso da notícia, com
sentimentos passados, movem tudo para que esse encontro aconteça, inclusive
partem para uma grande busca atrás de Nishta, que nunca mais viram.
“Era uma sensação esquecida, essa leveza, essa impressão de completude. Durante anos, tudo não passou de representação, de uma mistura de ansiedade e realização de luta, de seguir em frente. Durante anos, ela se sentiu como uma figura num dos quadros de Picasso, desconjuntada, partida, com os joelhos onde deveria estar o nariz, menos uma pessoa do que uma boneca de retalhos, esperando que o lustro dourado do sucesso profissional escondesse a ferrugem de uma vida pessoal fracassada. E ajudasse a amainar o torvelinho que sempre sentiu existir em seu íntimo. Com as outras três ela havia experimentado isso, uma sensação de contentamento, como gelo na pele num dia tórrido de verão, como uma carícia feita na grama.” (pág. 135)
“A redescoberta do mundo” é um livro
forte, triste, mas ainda assim bem bonito, que fala sobre lembranças, sobre as
escolhas que fazemos, arrependimentos, sobre o amor.
Gosto
como ela retrata a sociedade na Índia, apesar de ser algo tão triste. Como o
tratamento em relação às mulheres, por exemplo: quando Kavita e Laleh finalmente
encontram Nishta, veem que ela vive debaixo de um teto opressor, onde o marido
(que também era amigo delas na universidade) se tornou uma pessoa completamente
diferente do que era, obrigando a esposa a usar a burca, a proibindo de viajar
aos EUA, a proibindo de usar seu próprio celular. Nishta se sente uma
prisioneira e dói muito acompanhar isso.
Ainda
sobre as características da sociedade indiana: ela fala muito bem sobre as
divergências dentro do país em relação às diferenças de classes, de gênero, aos
conflitos religiosos.
A
autora traz personagens muito reais, com suas qualidades e defeitos, com seus
acertos e erros, com suas mágoas, fazendo com que a gente sinta raiva e ao
mesmo tempo sinta vontade de abraçar todos.
Já
conhecia a autora por outro livro que li faz um tempo, chamado “A distância entre nós” (que também é
muito bom, mas que me deixou com uma raiva no final...) e foi muito bom voltar a
ler um livro dela. A escrita é muito gostosa e fluida; dá aquele aperto no
peito, mas também acolhe.
“O que quero dizer é que tudo que parece tão importante, como brigas ou diferenças filosóficas, no fim não faz grande diferença. Quer saber? No fim, o que interessa é o que fica.” (pág. 215)